quinta-feira, 20 de outubro de 2016

THE CURE





The Cure é uma banda britânica de rock formada em 1976 em Crawley, Inglaterra. Robert Smith é o líder da banda e único elemento constante desde a sua formação, além de se manter como principal responsável pela sua direcção musical sendo produtor, cantor, compositor e multi-instrumentista.

Aclamados no final dos anos 1980 e princípio da década seguinte, com diversos álbuns que alcançaram grande exposição e popularidade, passaram a ser negligenciados pela imprensa na segunda metade dos anos 1990, mas com a chegada do novo século a banda foi reconhecida internacionalmente como uma das mais influentes do rock alternativo moderno. Várias canções dos The Cure tornaram-se sucesso nas rádios, tais como "Just Like Heaven", "Close To Me", ou "Friday I'm in Love", que ainda hoje se ouvem um pouco por todo o lado, assim como indicações e vários prémios. O grupo havia vendido até 2004 mais de 30 milhões de cópias no mundo todo,[3] com 1.1 milhão de vendas certificadas somente no Reino Unido,[4] sendo uma das bandas alternativas de maior sucesso da história.[3] Em Outubro de 2008 a revista britânica NME anuncia a atribuição do prémio 'Godlike Genius' à banda, em forma de reconhecimento pela contribuição para a música alternativa e pela sua extraordinária carreira.[5]


Formação e Three Imaginary Boys (1973–1979)
A primeira formação do que viria a se tornar os The Cure chamava-se The Obelisk e era composta por estudantes da Notre Dame Middle School de Crawley, Sussex. O grupo fez seu debute público em Abril de 1973 e contava com Robert Smith no piano, Michael Dempsey e Marc Ceccagno na guitarra, Laurence "Lol" Tolhurst na percussão e Alan Hill no baixo.[6] Em Janeiro de 1976, após deixar os Obelisk, Marc Ceccagno forma os Malice com Robert Smith, agora também na guitarra, e Michael Dempsey, que passou a baixista, juntamente com outros dois companheiros de turma da St. Wilfrid's Catholic Comprehensive School.[7] Ceccagno abandonou pouco depois o projecto para formar uma banda de Jazz-rock fusion chamada Amulet.[7][8] Pouco tempo depois, Lol Tolhurst, dos Obelisk, e Porl Thompson, já bastante conhecido na região pelas suas aptidões,[9] entram para os Malice na bateria e guitarra solo, respectivamente.[7] Após várias tentativas para conseguirem um novo vocalista, Peter O'Toole assumiu a posição.[8] Neste período faziam releituras de David Bowie, Alex Harvey, Jimi Hendrix, entre outros e começaram também a escrever o seu próprio material.[7]
Em Janeiro de 1977, após alguns concertos pouco satisfatórios e por estarem crescentemente a serem influenciados pelo surgimento do punk rock, os Malice passaram a ser conhecidos como Easy Cure[10] — nome retirado de uma canção de Lol Tulhurst.[11] No mesmo ano, ganharam um concurso de talentos promovido pelo selo alemão Hansa Records e receberam um contrato de gravação. Apesar da banda ter gravado faixas para a editora, nenhuma foi lançada.[12] Em Setembro do mesmo ano, Peter O'Toole abandonou o grupo e Smith assumiu o papel de vocalista.[7][13] Seguindo desavenças em Março de 1978 sobre a direcção que a banda deveria tomar — tendo o grupo rapidamente percebido que ganharam o concurso não pelo seu valor, mas pela sua imagem,[8] o contrato com a Hansa foi desfeito.[14] Smith mais tarde recordou "Nós éramos muito jovens. Eles simplesmente pensaram que nos podiam transformar num grupo adolescente. Na verdade eles queriam que nós fizéssemos releituras e nós sempre recusávamos".[12]


O coreto de Crawley onde os The Cure fizeram um dos seus primeiros concertos e que se pode ver no vídeo Staring At The Sea - The Images
Robert Smith deixa de achar piada ao nome da banda e muda-o para The Cure, pois soava-lhe demasiado "West Coast".[15] Entretanto Robert Smith começa também a não gostar dos solos de Porl Thompson, pois pretendia um som cada vez mais minimalista, e assim, em pouco tempo, este também abandonaria o projecto.[14]
…Todos os grupos que gostávamos tinham o "the" antes do nome da banda, mas The Easy Cure soava estúpido, então mudamos o nome para The Cure. Chateou alguns dos nossos antigos fãs mas…bom, aí está… eu pensei que The Cure era mais "aquilo".[9]
Nesta altura os The Cure passam a ser um trio composto apenas por Robert na voz e guitarra, Michael Dempsey no baixo e Lol Tolhurst na bateria. Enviam as suas demos a todas as maiores editoras, mas não obtêm qualquer resposta, excepto do A&R da Polydor, Chris Parry.[8] Após uma longa conversa, com vários copos à mistura, assinam um contrato com Parry mas não pela Polydor, mas pela sua própria editora que acabara de criar, a Fiction Records, tornando os The Cure a primeira banda a assinar por esta editora.[16]
O primeiro single da banda, "Killing an Arab", é lançado no Natal de 1978, single esse que é bem recebido pela crítica inglesa sem no entanto deixar de criar polémica junto de pessoas menos informadas que pensaram que a música teria conteúdo racista, mas a música era uma homenagem ao livro O Estrangeiro, de Albert Camus, onde acontece o mesmo facto descrito na música.[17] O primeiro álbum, Three Imaginary Boys, sai em Junho de 1979, e foi igualmente recebido com boas críticas, ao ponto de apelidarem os The Cure de "os novos Pink Floyd" (do período de Syd Barrett).


No entanto, o som que caracteriza o álbum, ainda com algumas influências punk, músicas rápidas e directas, já não são a imagem de Robert Smith desta altura mas sim de um Robert do passado, do período Easy Cure.[18] A capa original deste álbum tem a particularidade de não ter imagem alguma da banda mas sim três objectos comuns a representar a banda (candeeiro, aspirador e um frigorífico) e não ter o nome das músicas mas apenas imagens relacionadas com cada uma delas, criando um certo mistério em torno da banda.[19] Chris Parry queria demonstrar com esta estratégia que a banda valia pela sua música e não pela sua imagem. Nesta altura pretendiam demonstrar que eram apenas pessoas comuns a fazer música, sem qualquer tipo de imagem.[20]
O meu problema com os Cure era, aqui estava uma banda sem imagem mas com uma música forte, então eu pensei "vamos fazê-lo completamente sem uma imagem" em vez de ir pelo típico, sangue, macabro e violento que estava em voga para as capas de álbuns desta altura. Eu pensei, "vamos fazê-lo completamente desapaixonados, vamos escolher as três coisas mais mundanas que possamos encontrar."[9]


Eu nem gostei do álbum. Nem sequer pensei que soasse a The Cure de todo. Muitas pessoas disseram que gostavam da sua diversidade mas essa é exactamente a razão que eu não gostei do álbum. Soa como uma compilação ou algo parecido…[9]
Começam a tournée de promoção ao álbum e pouco depois são convidados para banda de suporte de Siouxsie & The Banshees..[8] Após uma invulgar deserção no seio deste grupo em plena tournée, Robert Smith oferece-se para o lugar de guitarrista até ao fim desta e passaria a fazer os dois sets, tanto pelos Cure como pelos Banshees.[21] Editam o single "Boys Don't Cry" em Junho que não obtém o sucesso esperado.[22]
O terceiro single dos The Cure, "Jumping Someone Else's Train" foi lançado no começo de Outubro de 1979.[22] Pouco depois, Dempsey foi expulso da banda pela sua fria recepção ao material que Smith havia escrito para o álbum seguinte.[23] Dempsey juntou-se aos The Associates, enquanto o baixista Simon Gallup e o teclista Matthieu Hartley da banda de post-punk/new wave de Horley, The Magspies, se juntaram aos The Cure.[24] Os The Associates seriam a banda de abertura para os The Cure inicialmente e The Passions na turnée inglesa Future Pastimes entre Novembro e Dezembro, com a nova formação dos Cure já a tocar algumas canções do projectado segundo álbum.[25] Enquanto isso, uma banda paralela formada por Smith, Tolhurst, Dempsey, Gallup, Hartley e Thompson, com vozes de apoio de família e amigos, e com o carteiro local, Frankie Bell, a vocalista, lançaram um single de 7 polegadas em Dezembro sob o nome presumido de Cult Hero.[26]
Período obscuro (1980–1982)


Após a gravação deste primeiro álbum, Robert inicia pouco depois a gravação do período mais "sombrio" dos The Cure; a trilogia, Seventeen Seconds, Faith e Pornography. Este período é considerado por uma parte considerável de fãs como a melhor fase da banda, na qual foram produzidas canções como "A Forest", "Play For Today", "Primary", "All Cats Are Grey", "Faith", "Charlotte Sometimes", "One Hundred Years", "The Figurehead" ou "A Strange Day". À ilusão do Seventeen Seconds, segue-se a letargia do desespero em Faith. Todo esse desespero e emoções contidas transformam-se em raiva, ódio e num desespero ainda mais exacerbado em Pornography, tornando este álbum um marco para a música alternativa.
Tomamos conta da Fiction e recusamos deixar entrar alguém…Não conseguia lembrar-me do que tinha feito ou onde tinha estado. Eu perdi verdadeiramente contacto com o que era realidade por um par de meses.[9]


Robert Smith, que estava insatisfeito por não ter o controlo sobre certos aspectos, passou, nesta altura, a tomar as rédeas de todo o processo criativo e co-produziu Seventeen Seconds juntamente com Mike Hedges.[27] A Forest foi o primeiro single dos Cure a entrar no top de singles do Reino Unido, e foi a primeira música que se pôde ouvir deste novo período.[28] Bastante diferente do que tinha sido feito anteriormente, é no entanto, a essência deste novo período e mesmo de toda a carreira.
Após a tournée de 1980, Matthieu Hartley deixa a banda. Hartley afirmou, "apercebi-me que a banda estava a ir numa direcção suicida, música sombria — do tipo que não me interessava de maneira nenhuma".[29]
Em 1981, satisfeitos com o ambiente reproduzido por Mike Hedges, gravam novamente com este produtor, desta vez o álbum Faith, que consegue levar mais adiante o ambiente asfixiante, melancólico e depressivo presente no álbum anterior.[30]
Na Picture Tour de 1981 os concertos assemelhavam-se a cerimónias religiosas, com uma atmosfera altamente depressiva ao ponto da audiência não aguentar e provocar graves tumultos.[31] Nesta tournée, antes dos concertos, em vez de uma banda de suporte, apresentavam o filme Carnage Visors de Ric Gallup (irmão de Simon Gallup), um filme animado que criava a atmosfera pretendida para o início do concerto.[28] Robert Smith vivia tão absorvido neste ambiente depressivo, que em certas ocasiões chegava a terminar os concertos em lágrimas; já para o fim da tournée recusava-se a tocar músicas do primeiro álbum.[32]


Eu não me apercebi do efeito que teria na banda. Eu pensei que poderíamos juntar as músicas quando tocássemos ao vivo e as outras canções iriam criar um equilíbrio, mas acabou por afectar todos. Aquelas canções tiveram um efeito negativo em nós — quanto mais as tocávamos, mais deprimidos e desolados ficávamos.[9]
York House Gardens, local onde foi gravado o videoclipe para "The Hanging Garden", do álbum Pornography.
Em 1982 editam um dos álbuns mais importantes da banda, Pornography, que é o pico deste período mais sombrio da banda. Este é um dos álbuns que alguns críticos musicais indicam como paradigmáticos do rock gótico,[33][34] demonstrando uma sonoridade típica do pós-punk, mas muito mais obscura. Um álbum gravado no limite da lucidez já muito perto da insanidade, provocada por vários excessos, sendo o mais evidente o consumo desmesurado de todo o tipo de drogas.[35] Este comportamento por parte de todos os membros da banda, torna-os demasiado frios e distantes e iria criar problemas entre eles em pouco tempo.[36] Este álbum inicia com a linha, "It doesn't matter if we all die" ("Não interessa se todos morrermos"), que define exactamente o pensamento da banda nesta altura. O desespero e o ódio presente no álbum pode ser abreviado pela concisão dessas primeiras palavras que ouvimos neste álbum. Apesar das preocupações legítimas quanto a este álbum não ter um som comercial, é o primeiro álbum da banda a atingir o top 10 no top do Reino Unido, atingindo o oitavo posto.[37]
Nesta altura começam também a alterar a sua postura de não-imagem e encetam uma mudança no seu visual na digressão do álbum Pornography. Pintam os olhos com batom (que com o suor dava uma sensação de estarem a sangrar dos olhos) e começam a deixar crescer o cabelo duma forma desgrenhada.[38]


Vivia-se um ambiente de "cortar à faca" dentro da banda e os concertos eram feitos quase sem qualquer diálogo entre os membros. Este período, que levou os membros da banda ao limite das suas capacidades físicas e psíquicas, culminou em cenas de pancadaria entre Simon Gallup e Robert Smith em plena tournée de 1982.[39] Os The Cure como eram conhecidos até então tinham acabado, ressurgindo mais tarde num registo bastante diferente sem, no entanto, renegarem o seu passado. No fim da tournée a banda tinha acabado, apesar de oficialmente, o fim nunca ter sido confirmado.[40] Simon Gallup estava fora da banda..[8]
Na tournée do Faith, comecei a ler livros sobre insanidade, psiquiatria, asilos, bom, saúde mental em geral. Eu pensei no tipo de existência que as pessoas devem ter quando estão internadas, a maneira como são tratados e eu pensei, se eu estivesse sozinho, aquilo podia acontecer-me. Em vez de cantar para uma audiência, eu poderia encontrar-me a cantar para uma parede.[9]
Período de indefinições (1983–1984)
Em 1983, Robert Smith fazia também parte integrante da banda Siouxsie And The Banshees e é neste período, com este grupo, que Robert adopta, mais vincadamente, a sua imagem de marca, inspirada em Siouxsie Sioux — lábios esborratados de batom, olhos pintados e o cabelo levantado de uma forma despenteada.[41] Fez tanto sucesso que a sua imagem volveu-se um ícone.
Robert nesta altura sentia-se perfeitamente confortável em ser somente guitarrista, ao contrário do papel que tinha que desempenhar nos Cure, daí que, temendo perder Robert Smith definitivamente para os Banshees, Chris Parry (dono da Fiction Records) incita-o a gravar algo diferente e mais comercial.[42]


…Eu queria tocar com eles, porque eu estava farto de ser o vocalista e líder da banda durante tantos anos. Eu queria ser só o guitarrista, para ver se seria diferente numa outra banda, eu queria ver se as minhas experiências eram diferentes das deles.[9]
Kew Gardens, em Londres, local onde foi gravado o videoclipe para The Caterpillar.
Antevendo o descontentamento e desilusão dos fãs, Robert sugere gravar com um nome diferente que não The Cure, mas Chris Parry consegue convencê-lo dos benefícios.[43] Por outro lado, Robert, nesta altura, estava com intenções de terminar com os Cure ou, no mínimo, com todo o misticismo à sua volta, daí que não foi assim tão difícil convencê-lo a gravar algo completamente antagónico ao que os Cure representavam até esta altura. Assim, ainda no fim de 1982, surge o single Let's Go To Bed e mais tarde, já em 1983, The Walk (#12/UK) e The Lovecats (#7/UK). Como Lol Tolhurst já não conseguia evoluir mais na bateria passou para os teclados. Andy Anderson, seria o baterista nestas gravações e futuramente seria integrado na banda enquanto que o produtor e baixista, Phil Thornalley assumiria o lugar deixado vago por Simon.[44]

Nesta tempo, numa altura de indefinição quanto ao futuro dos Cure, Robert Smith inicia um projecto paralelo com o baixista dos Banshees, Steve Severin, de nome The Glove. Apenas editam um álbum que foi bastante marcante para os dois, Blue Sunshine e Andy Anderson seria, também, o baterista deste projecto.[42]



Em 1984, os The Cure, editam The Top, já com Porl Thompson, que, como se sabe, tinha estado ligado aos Easy Cure.[45] Este é um álbum com influências psicadélicas e portanto com muitas drogas à mistura, assim como também é relevante referir a passagem de Robert pelos Banshees e pela digressão que estes fizeram por Israel.[46] É bastante diferente de tudo o que já tinham feito anteriormente e algo estranho, mas que com o tempo, pela sua singularidade e excentridade, se tem volvido um álbum de culto. Um álbum que de tão estranho, foi recebido friamente e em parte Robert concorda com as críticas, pois, segundo ele, na altura, os The Cure era ele e umas quantas pessoas e não verdadeiramente uma banda, de maneira que álbum foi quase completamente feito por ele. Robert Smith tocou neste álbum todos os instrumentos, com a excepção da bateria e saxofone.[47] The Caterpillar (#14/UK) é o único single deste álbum. Da tour de 1984 seria editado um vídeo gravado em Japão denominado de Live In Japan.
Sucesso comercial (1985–1993)


Em 1985, após uma longa conversa em um bar, Simon Gallup regressa aos Cure e Andy Anderson — por distúrbios causados em um hotel — é, entretanto, substituído por Boris Williams na tournée do The Top.[48] The Head On The Door é lançado e desta vez conseguem verdadeiramente atingir o mainstream de forma consistente e irromper no mercado norte-americano. Os singles "In Between Days" e "Close To Me" são músicas que ainda hoje se ouvem em qualquer lugar mas para além destes clássicos este álbum possui outras preciosidades que marcam a história da banda como "Sinking", "Push", "A Night Like This", entre outras. Foi um álbum que marcou a banda e os deu a conhecer ao mundo, pois até aqui tinham sido uma banda apenas conhecida em certos circuitos alternativos. Uma particularidade deste álbum é que a música "The Blood" teria sido escrita após Robert Smith ter bebido uma garrafa de vinho do Porto, Lágrima de Cristo.[49] Tentaram fazer uma música inspirada no fado, mas como os resultados não foram satisfatórios, decidiram-se por um som inspirado em flamenco.


Em 1986 é quando o sucesso se torna num fenómeno de popularidade assim que os The Cure lançam a compilação Standing on a Beach / Staring at the Sea. "Boys Don't Cry", que, em 1980, quando foi lançada, não teve o sucesso esperado, em 1986 torna-se um hino da banda. Neste mesmo ano, Robert Smith chocou o mundo da música quando apareceu de cabelo cortado; a MTV dedicou vários blocos noticiosos acerca do assunto. Sobre o assunto, Robert afirma: "É muito mau quando as pessoas te reconhecem pelo teu corte de cabelo e não pela música. Eu estava farto de ver tantas pessoas que se pareciam comigo."[50] Da tour de 1986 seria editado o vídeo In Orange.


Eu não sei por que razão as pessoas gostam mais de nós agora do que gostavam há cinco anos atrás. Talvez estejamos a fazer música mais acessível. Talvez estejamos a fazer música melhor. Talvez seja apenas porque nos acham engraçados.[9]
Em 1987 gravam no sul de França um disco duplo, Kiss Me Kiss Me Kiss Me, um projecto arrojado, com músicas pop belas contrastando com músicas cheias de raiva, relembrando o período mais negro da banda. "Why Can't I Be You?", "Catch", "Hot Hot Hot!!!" e "Just Like Heaven" são algumas músicas do lado pop, que contrastam com "The Kiss", "Torture" ou "If Only Tonight We Could Sleep", "The Snakepit" entre outras. Actuam pela primeira vez num país lusófono — o Brasil, com oito concertos: três no Ibirapuera em São Paulo, dois no Gigantinho em Porto Alegre, dois no Maracanãzinho no Rio de Janeiro e um no Mineirinho em Belo Horizonte.[51] Lol Tolhurst, estava com cada vez mais dificuldades para actuar ao vivo devido aos seus problemas de alcoolismo levando Robert Smith a optar por convidar Roger O'Donnell dos The Psychedelic Furs para o assistir.[52]



Em 1989, surge o álbum que é considerado, de uma forma mais ou menos consensual, o melhor da banda, Disintegration. Gravado numa fase particularmente difícil para o Robert, que na altura vivia a angústia da passagem para os trinta anos e da consciencialização de que o passado não volta, conseguiu canalizar todo o seu desespero para as suas letras e música.[53] Nunca o triste e belo, na carreira da banda, estiveram tão perto da perfeição e foi considerado o álbum do ano para a Melody Maker. Com este disco e especialmente com os singles alcançam bastante atenção mundial. "Fascination Street", "Pictures Of You", e principalmente, "Lullaby" e "Lovesong" atingem óptimas posições nos "tops". Laurence Tolhurst, é afastado da banda devido aos seus infindáveis problemas com o álcool e fraca contribuição para a banda, após um ultimato do resto da banda a Robert Smith; Roger O'Donnell que já tinha sido contratado em 1987, passa a assegurar a função a tempo inteiro.[54] Após uma tournée mundial, que pela primeira vez passa por Portugal, no Estádio de Alvalade em Lisboa,[55] Robert despede-se com um "goodbye and I'll never see you again" ("adeus e eu nunca mais vos verei novamente"). Também afirmou à imprensa que esta seria a última tournée que faria,[56] no entanto as suas ameaças não se viriam a confirmar.


Chegou a um ponto ao qual eu não conseguia lidar com isso, então eu decidi que esta seria a minha última tour. Eu simplesmente já não conseguia lidar com o tipo de atenção que me despendiam.[57]
Beachy Head, no Sul de Inglaterra, local onde foram gravados os videoclipes de "Just Like Heaven" e "Close To Me".

Em 1990, "Lullaby" recebe um Brit Award para a categoria de "melhor videoclipe".[56] Neste mesmo ano O'Donnell opta por deixar a banda e é substituído por um roadie, Perry Bamonte, que nunca tinha tocado teclados na vida.[58] Ainda em 1990, com o seguinte álbum, Mixed Up, Robert Smith surpreende todo o mundo, e em especial os seus fãs, ao apresentar uma colectânia de remixes de algumas das suas mais conhecidas músicas. Deste álbum serão extraídos os singles, "Never Enough" e "Close To Me" versão remix.



Em 1991, os leitores do jornal de música britânico Sounds elegem os The Cure como a "melhor banda ao vivo". Ganham também o prémio para "melhor vídeo promocional" ("Never Enough"), enquanto Robert ganha o prémio de "melhor músico" e "melhor voz masculina".[59] Ainda em 1991, vencem outro Brit Award — desta vez são distinguidos como a "melhor banda britânica".[60]

The best songs of The Cure in mix HD

0:00 Plainsong
5:06 Breathe
9:40 Last Dance
13:53 Apart
20:17 The Last Day Of Summer
25:47 Bare
33:14 The Loudest Sound
38:16 Pictures Of You
45:34 Bloodflowers
52:48 This Twilight Garden
57:17 Fascination Street
1:02:11 The Figurehead
1:08:24 End
1:14:43 A Foolish Arrangement

1:18:26 Friday I'm Love

Em 1992 sai um novo disco de originais, Wish, que tinha a difícil missão de superar o admirável e aclamado Disintegration. Por isso mesmo, para muitos, foi uma decepção mas esquecendo o facto de ser praticamente impossível superar tal objectivo, Wish não deixa de ser notável. "A Letter To Elise", "High" e especialmente "Friday I'm In Love" foram os singles que mais uma vez atingiram os "tops" mundiais. Este trabalho atingiu o top de álbuns mais vendidos no Reino Unido, segundo nos Estados Unidos e foi o que mais sucesso comercial teve até à data, excluindo as compilações .[61] Ignorando a parte comercial, este álbum possui igualmente temas incontornáveis como "Open", "From the Edge of the Deep Green Sea", "To Wish Impossible Things", entre outras.

The Cure - Megamix


Os The Cure tinham atingido o auge da sua fama. Seguiu-se mais uma gigantesca tournée mundial, da qual seriam editados dois álbuns; Show (com o lado mais comercial) e Paris (priorizando as canções mais intimistas). Aqui terminava mais uma fase dos The Cure. Boris Williams e Porl Thompson — ambos já referências na sonoridade e misticismo inerente à banda — estavam de partida.[62]

Após a debandada, Robert Smith estava também a lidar com o processo judicial que Lol Tolhurst lhe moveu em 1991, contra a sua pessoa e a Fiction Records, por direitos sobre o nome da banda e mais direitos financeiros que julgava ter.[63] Apesar de ter perdido o caso, Lol Tolhurst causa danos à banda, que neste período praticamente deixou de existir.
Em 1995, Robert consegue juntar alguns elementos e começa a pensar mais seriamente em um novo álbum. Roger O'Donnell tinha sido convidado, novamente, para os teclados e Perry deixa os teclados para passar a usar a guitarra a tempo inteiro. Simon, sem novidade, continua no baixo. Como solução para a falta de baterista decidem colocar um anúncio na NME. Jason Cooper, um desconhecido até então, consegue o lugar.[64] Fazem uma pequena tournée por festivais europeus, incluindo o Super Bock Super Rock em Lisboa.[65]


The Best Of The Cure | The Cure Greatest Hits Playlist



Em 1996 sai o novo álbum, Wild Mood Swings — após Wish de 1992 — um hiato demasiado longo para um mundo demasiado activo e sedento de novas direcções e que praticamente já os tinha esquecido e vivia absorvido pelo britpop. Britpop que prestava tributo aos Smiths mas que ignorava e, por vezes, maltratava de forma consciente a banda de Robert Smith. No entanto, é inegável, o álbum fica bastante longe das expectativas criadas mesmo pelos próprios fãs. Um álbum bastante heterogéneo e com umas sonoridades completamente atípicas até então. Pela primeira vez um álbum de originais dos Cure tinha vendido menos que o seu antecessor.[66] Seguiu-se uma nova tournée mundial que, mesmo apesar do fracasso comercial do álbum, enchia as salas de espéctaculos por todo o mundo. Apresentam-se novamente em terras tupiniquins no Pacaembu em São Paulo e na última edição do Hollywood Rock Festival no Rio de Janeiro,[51] motivados por um abaixo-assinado de fãs brasileiros.[67] Iniciava-se uma longa travessia no deserto preenchida por alguns festivais de verão, algumas colaborações e uma nova compilação de singles em 1997 intitulada Galore, que não obteve o sucesso esperado.
Ainda em 1998 passam pela terceira vez em Portugal, inseridos uma vez mais no contexto de uma pequena tournée por alguns festivais europeus; agora regressavam para um concerto no Festival do Sudoeste, em Portugal,[68] e para o primeiro concerto na Galiza, na Praia de Riazor, na Corunha.[51]

The Cure at Lollapalooza 2013 Full Set HD



The Cure Disintegration whole album live into the fog!

Nenhum comentário:

Postar um comentário